ceLOLAr
14 de setembro de 2010
07:35 | Postado por
Zuwa |
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Bendita seja a inclusão digital,
e benditos sejam os seres abençoados com ela;
Benditos sejam os chineses,
e benditos sejam os seus quatrilhões de aparelhos genéricos;
Bendita seja a telefonia pré-paga,
e benditos sejam os telefones sem créditos (e com alto-falantes).
MALDITO seja eu!
Amém...
Pare, escute e pense. Chapecó pra quem não conhece, não é nada. Para mim é tudo. Coisas de caipira... Por motivos ocultos, saí de lá e fui para Florianópolis estudar. Se eu gosto, não vem ao caso. O conto agora é outro. São 550km pra se fazer todo o mês, ou quando eu bem entender. Quantos as opções para o translado, bem... Carro, ônibus ou avião, nessa ordem falando financeiramente.
De carro o negócio funciona na base carona, porque sozinho fica inviável. Não é o jeito mais rápido, mas geralmente a viagem é agradável, e se você não for o motorista pode dar aquela cochilada.
7 horas em média pagando-se por isso uns R$ 35,00 e pronto.
No outro extremo da lista, o elegante transporte aéreo de passageiros, para os mais abonados, insubstituível. Rápido, prático, com belas aeromoças e ainda serve lanche (ou club social). Das coisas boas, nada a declarar. Mas saiba você que pretende ir a Chapecó e ainda por cima pegando um horário noturno de vôo que a probabilidade de não conseguir pousar é alta. Motivo? Nevoeiro, neblina, ou seja lá como quiser chamar... Você irá até lá e irá voltar, quando chegar em solo firme, te colocarão em um ônibus, a preço de avião. Que coisa triste. Quanto aos valores, se for fora de promoção e comprando antecipadamente, o preço é legal. Mas não espere famosos no seu vôo.
50 minutos de vôo pagando-se em torno de R$ 130,00.
Por fim, o ônibus. O transporte democrático, das massas, dos doentes, dos estudantes, dos manifestantes, dos trabalhadores, dos pobres, mas não dos ricos. É o maior ecossistema móvel movido a diesel, eu acho. Dos mais diversos aromas, distinguem-se os famosos cheetos bola como também o tradicional pão com mortadela. Afinal de contas o sanduiche natural não vende por aqueles lados. Para a viagem correr mais rápido, a conversa rola solta, como boa parte vai se tratar de doença, esse é o tema principal do setor frontal do veículo, tomado por doentes e idosos. De resto, uma parte estuda na capital outros estão indo a trabalho ou ainda existem os migrantes, sim aqueles que levam a casa dentro do ônibus, ou melhor, no bagageiro. Estes anteriores se dispõem entre o centro e o fundo, tendendo ao centro do ônibus a maioria dos estudantes. Espera ai, antes de citar o preços preciso comentar de mais um tipo recente de passageiro. Revoltas a parte, chamarei estes de agroboys.
De vida simples e salários modestos, tais seres passam o mês inteiro trabalhando para bancar os produtos que consomem e os padrões que sustentam. Você deve estar vinculando estas pessoas aos filhos de fazendeiros, os quais geralmente possuem boas reservas monetárias, mas não se engane. O que esta espécie mais sabe fazer é dívida. Possuem 1 tênis (Nike/adidas/etc), 1 óculos mormaii, 35 camisas falsificadas, 43 calças jeans horrivelmente descoloridas, 14 bonés de camelôs com várias chapas metálicas acopladas e por fim, mas não menos importante um celular. Ahhhhhhhh.... Que desgraça de alto-falante imbutido. Sentados no fundo da viatura, eles abusam da boa vontade dos demais passageiros e insistem em distribuir para os demais passageiros seu repertório mais que selecionado de músicas. Funk, bandinha, sertanejo, gospel, tem de tudo e para todos. Menos o que você quer ouvir. E o melhor de tudo, acham que estão apavorando, o sucesso do latão, a evolução dos fumantes de banheiro só pode. Ainda bem que sempre existe uma luz no fim do túnel, neste caso a bateria do aparelho. Após umas duas horas de tortura, ela acaba e tudo volta ao normal. Santa tartaruga.
9 horas de viagem por singelos R$ 75,00 e muita música, ruído e o molejo.
Namastê
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